Mensagem de Modesta sobre Orgulho e Humildade



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"O orgulho é a sombra do ego, o sentimento que nos leva a sentir-nos maiores e melhores que todos. A humildade, seu oposto, é a luz que vem de dentro quando reconhecemos quem somos. Brota na alma como um estado afetivo, ao conseguirmos romper com as camadas de falsidade e engano edificadas pelo egoísmo e nos vermos enquanto Eu Divino.
Humildade é desilusão, reconhecimento de limites e qualidades; é conscientização. Humildade é estar conectado com a essência da vida, a Verdade. Para isso é necessário a sintonia com a Verdade sobre nós mesmos, a realidade. É o estado de libertação das ilusões que nos permitem enxergar com lucidez, sem vaidade ou desânimo. Humildade é o estado de realidade que conquistamos na medida do autodescobrimento.
Quem vibra no espírito de humildade recolhe sempre na vida o que tem valor real para seu crescimento, não agindo ao sabor das proclamadas mentiras mundanas, porque zelará por sua identidade universal, sem deixar assediar-se por apelos inferiores. Quem estiver na humildade será alguém que conseguirá existir, sentir-se realizado, porque está buscando ser ele mesmo, a não ser o que os outros gostariam que fosse.
Portanto humildade é estrada de acesso para a felicidade.
O estado de “ausência de orgulho” só pode ser alcançado com o “sentimento de humildade” e não com essas capas que são colocadas para chamar a atenção alheia com virtudes que ainda não possuímos, camuflando impulsos da vaidade que, de alguma forma, inevitavelmente, vão escoar em variadas metamorfoses.
Essas capas são muitas. Uma delas é a da pobreza. A vinculação da humildade com a pobreza é algo cultural, e a cultura popular, apesar de sábia, muitas vezes comete severos pecados de conceituação. Se existe algo que não seja semelhante à humildade é a pobreza. Se assim o fosse, os países chamados de “terceiro mundo” ― expressão preconceituosa das sociedades terrenas ― seriam conscientes, felizes, realizados, resignados; não haveria revoltas e nem crimes. Não é isso que verificamos, infelizmente... Há muitos pobres revoltados e orgulhosos ao extremo; são simples no vestir e nos hábitos, mas, se pudessem...
Devemos ter “alma pobre”, como assevera a educadora católica Maria Junqueira Schmith, contentar-nos com o que temos. Contentamento é estado de realização interior que nasce da humildade. O Universo é riqueza; a Natureza é prodígio divino de abundância. Pobreza é marca de mundos inferiores, é condição de seres que não se amam e nem tiveram alguém para amá-los. Pobreza não é humildade. Por isso a mensagem espírita para os pobres deve ser a da riqueza interior como caminho para Deus". 
(...)

Do livro "Recordações de Modesta ― a vida e a obra de Maria Modesto Cravo"
De Iracy Cecílio de Araújo Júnior
Editora Inede, 2a. ed., Belo Horizonte, 2005
Capítulo 3 - Mensagens, p. 129-130
*(os grifos são do texto original do livro)

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